Bruna Emanuele define-se como encantadêra de imagem e palavra. Artista-pesquisadora na EBA-UFMG, tem suas poética e pesquisa norteadas por múltiplos encontros entre escrita, artes visuais, livro-devir e gênero e sexualidade. Editorialmente, interessa-se sobretudo por práticas independentes e colaborativas – que tem semeado e nutrido em conjunto, compondo atualmente as equipas do Coletivo Narrativas Negras e da Revista MIOLO/ Tiragem: Laboratório de Livros.
“Da terra queda o invisível”, 2021.
Técnicas: antotipia com pigmento à base de cúrcuma e colagem analógica.
Palavras-chave: abraço; repouso; presença.
Pensando no abraço que tenho podido receber do sol, em tempo de medo dos contatos e falta da presença do toque, pensei nesse poderoso foco de luz e calor como fonte de nutrição, conforto, acolhida. Desse modo, “contra” o sol, tenho me posto “com” ele, “sob” ele, resgatando minha pele como via de contato e de múltiplas possibilidades de revelação.
Sob a luz do sol, meu corpo volta a respirar este planeta. Meus pulmões rompem a clausura e inalam fuuuuundo, longe. Numa partilha que se pretende genuinamente de verdadeira entrega com o meio, me revelo suavemente contra a luz, com a luz, sob a luz. A céu aberto, fazer uma busca: da terra queda o invisível.
“O primeiro voo de diferentes espécies”, 2021.
Técnicas: ilustração e colagem analógicas.
Palavras-chave: voo; grafias; cartografia dos encontros.
O encontro é feito, entre tantas outras matérias, da busca. Busca por vias – de afeto, de contato, de fuga. Traçar essas rotas requer coragem, grafar essas vias requer atenção: precisamos aprender a encontrar.
Nos rastros dessas vias, dia a dia, tenho traçado e marcado com minhas mãos e pés também outras. No caminho, tenho trocado, em rede. Pé ante pé, experimento o traçado de cartografias de meus encontros. E é dessa sorte que digo: que sorte!
A produção de linhas tortas em rede Revelações da distância antes de voar Pé ante pé aprender o encontrar Cósmico e selvagem O primeiro voo de diferentes espécies.